TEGUCIGALPA
/ 17-07-2012 / De regresso a Honduras depois de um giro pela Venezuela,
os repórteres Dick e Mirian Emanuelsson foram detidos durante uma hora e
meia no aeroporto Juan Santamaría, de San José da Costa Rica.
JA ESTAVAM SENDO SEGUIDOS PELO D.A.S (Departamento Administrativo de Seguridad, a Polícia Política terrorista da Colômbia, apelidada de Cartel Narcotraficante das Três Letras):
–
Os cinco agentes já estavam esperando na “manga” quando aterrizamos em
San José da Costa Rica. Nem sequer esperavam no terminal e sim nos
receberam na própria "manga" onde nos perguntaram pelos passaportes, diz
Dick Emanuelsson na reportagem a seguir:
“Filmaram e fotografaram tudo”
É sabido
que, às vezes, os latino-americanos confundem "sueco" com "suíço" e
parece que os agentes tinham a informação de que Dick era "Suíço", -
erro que abortou a detenção - os fatos aconteceram quando deixaram o
avião para fazer o transbordo para outra aeronave que os levaria à
capital hondurenha, Tegucigalpa.
A calma foi interrompida apenas meia hora mais tarde, quando os
mesmos agentes perguntaram ao casal Emanuelsson, novamente, pelos
passaportes. Foi nesse momento que, agora sim, atingiram seus
"objetivos".
- Fomos levados a um local no aeroporto onde havia câmaras no teto e
aí estavam nossas maletas e mochilas. Levaram-me primeiro e estive
presente quando sacaram todo o conteúdo das maletas, checando até em
cada borda do tecido e dos sapatos, continua relatando o sub-diretor da
ANNCOL.
Foi obrigado a mostrar o itinerário do Fórum de São Paulo durante a
semana em Caracas, as cartas de solicitação de vistos para sua esposa
Mirian, hondurenha, e as credenciais. Colocaram sobre uma mesa todos
esses documentos, mais o passaporte, os dois cartões de crédito
bancários, a caixa menor de viagem e seus bilhetes de passagem e
filmaram e fotografaram tudo.
- Os agentes do DIS (Direção de Inteligência e Segurança) da Costa
Rica, diziam ao nos levar a esse local: "nós também temos nossos raios
xx e vimos algumas coisas suspeitas quando suas maletas passaram pelo
controle".
– TREMENDA MENTIRA!
Já estavam nos esperando na "manga" quando o avião aterrizou e as maletas ainda estavam no bagageiro da aeronave.
Quem avisou a eles? Quem sabia que Dick e Mirian Emanuelsson chegariam à Costa Rica em seu retorno a Tegucigalpa, Honduras?
- Foram o setor que nos "grampeia", acrescente Dick, vítima durante
cinco anos (2000-2005), na Colômbia, dos agentes do DAS-G3 no “Escândalo
dos Grampos (Chuzadas)” [1].
–
Se estavam procurando por drogas por que não tinham os cachorros
treinados para isso? Não havia nada que os identificassem como pessoal
de tarefas antinarcóticos.
Tentativa de sequestro pelo DAS
Dick Emanuelsson chegou à Costa Rica no final de janeiro de 2005. Estando aí, entrevistou [2]
Hernando Vanegas, médico colombiano e vítima do terrorismo de estado
por ser militante da União Patriótica. Com o apoio do movimento popular
costariquense e da ACNUR, Hernando e sua família permaneceram escondidos
durante um mês, pois Jorge Noguera, então chefe do DAS, chegava à Costa
Rica.
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Jorge Noguera, ex-diretor do DAS e braço direito do mafioso terrorista ex-presidente Álvaro Uribe Vélez,
atualmente condenado a 25 anos de prisão |
O chefe da
migração da Costa Rica, um policial de alta patente, chamou o Hernando e
lhe perguntou se poderia se dirigir ao seu despacho para uma breve
entrevista. Vanegas disse que não tinha problema já que ele vivia na
Costa Rica na qualidade de refugiado político (haviam matado dois de
seus irmãos) há seis anos. Estava filiado ao Colégio de Médicos como
anestesista.
O que lhe esperava era uma ingrata surpresa
O
chefe da migração recebeu Vanegas e lhe disse que tinha outra visitva.
Aí estava esperando o agente Noguerra, que ficou a sós com Vanegas,
oferecendo-lhe "paz e tranquilidade". Sabia em que escola estudavam seus
filhos, em que universidade estava estudando sua mulher, assim como
outros detalhes de sua vida privada. E disse isso a Vanegas.
Coordenação de inteligência colombo-tico (Costa Rica)
Vanegas
devia entregar a Noguera a localização dos integrantes da Comissão
Internacional da guerrilha das FARC-Exército do Povo, já que esse
companheiro tinha militado na juventude comunista (JUCO) nas décadas de
60' ou 70' e era amigo de Rodrigo Granda, que havia chegado em uma breve
visita à Costa Rica no mês de novembro de 2001, época de negociações
pela paz entre as FARC e o governo do presidente Andrés Pastrana e se
encontrou com Vanegas como velhos amigos. Era a época em que os
"comissários das FARC" se reuniam com todos os governos no mundo para
levantar propostas para o processo de paz na Colômbia.
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Granda e Vanegas, velhos amigos desde a juventude, em novembro de 2001, em San José da Costa
Rica, sob a lupa permanente do DIS e do DAS.
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Granda
e Vanegas foram fotografados secretamente por agentes do IDS e do DAS
no aeroporto de San José da Costa Rica quando Granda chegou, foto que
foi amplamente divulgada na imprensa costariquense em 2005, depois do
fracasso das conversações de paz com o ex-presidente Pastra (1998-2002).
Isto é, já estavam coordenados os dois organismos de inteligência,
assediando suas "presas".
Ricardo
Granda
foi sequestrado em Carcas em 13 de dezembro de 2004, quer dizer, 3 ou 4
semanas antes da chegada de Noguera na Costa Rica e entregue ao Estado
colombiano na cidade fronteiriça de Cúcuta. Os autores do sequestro
foram agentes do D.A.S em cumplicidade com policiais corruptos e
apátridas da Venezuela. O fato, repudiado pelos militantes do mundo,
causou a mais grave crise nas relações entre a Venezuela e a Colômbia,
governada então pelo mafioso terrorista Álvaro Uribe, o 82º
narcotraficantes na lista da DIA do Pentágono.
Estando no despacho do chefe da migração costariquense, no mês de
janeiro de 2005, Vanegas (chantageado) pediu tempo a Noguera para pensar
sobre a proposta do chantagista chefe do DAS, tempo que aproveitou para
passar imediatamente à clandestinidade com sua família e com a ajuda da
ACNUR e do movimento popular da Costa Rica.
“Risco de ser sequestrado”
– Eu cheguei
à Costa Rica em 31 de janeiro de 2005 sem saber absolutamente nada
sobre o destino de Vanegas e de sua família. Fui recebido no aeroporto
por uma representante dos Direitos Humanos do país, que me levou ao
hotel onde estava a família e o Hernando. Aí o entrevistei durante quase
uma hora. No dia seguinte me encontrei com a diretora da ACNUR na Costa
Rica, que me pediu que não publicasse nada até que Vanegas e sua
família pudessem abandonar de forma urgente ("S.O.S") esse país. Esse
companheiro corria o risco de se sequestrado por agentes do DAS, tal
como aconteceu com Rodrigo Granda em Caracas, com a cumplicidade do
Estado costariquense.
–
Quinze minutos dessa entrevista com Vanegas foi transmitida,
posteriormente, de forma objetiva, pelo canal de televisão "RCN de
Noite", da Colômbia, quando Vanegas e a família já haviam abandonado o
país, com a assistência da ACNUR.
–
No mesmo programa foi enfrentado Jorge Noguera, que não podia
justificar sua estadia na Costa Rica. Muito menos pode mostrar alguma
ordem de captura contra Vanegas, conta Dick. A partir dessa entrevista,
intensificou-se a perseguição e as ameaças contra o repórter sueco que,
nesse ano, ainda vivia e trabalhava na Colômbia. Passou grande parte de
2005 no Cone Sul e na América Central antes de regressar ao seu país de
origem, a Suécia, em 15 de junho de 2005, passando novamente pela Costa
Rica-Honduras até chegar à Suécia, onde substituiu companheiros no
jornal, no mês de julho, que é o mês de férias.
Ação terrorista do DAS no avião
– Na pasta
de 454
laudas que o DAS-G3 (grupo ilegal clandestino) montou sobre a minha
pessoa por meu trabalho na Colômbia, no dia 15 de junho de 2005, me
seguiam desde que saí do conjunto habitacional onde morava, no norte de
Bogotá, chegando ao aeroporto internacional de El Dorado. Estando aí, me
fotografaram na sala de espera enquanto aguardava o check in antes de
embarcar no avião.
–
Uma vez na aeronave, colocaram um ímã no meu computador para apagar
todos os arquivos gravados nele. E depois de haver realizado a ação de
sabotagem, enviaram um correio eletrônico anônimo aos colegas da Costa
Rica, avisando que vinha um terrorista internacional no vôo 690 da
empresa Taca, como escreveram os agentes a seus superiores.Veja a
mensagem em espanhol:
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ILUSTRAÇÃO 1: O informe dos agentes do DAS pela sabotagem contra o repórter sueco, Dick Emanuelsson. Clicar para ampliar |
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ILUSTRAÇÃO 2. Clicar para ampliar |
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Prof. Alfredo Correa D'andreis, assassinado pelos DAS |
ILUSTRAÇÃO 2: ACIMA;
Assim descreveram os agentes do DAS e do Estado colombiano como
cometeram uma ação terrorista em território internacional contra
Emanuelsson. Jorge Noguera, então chefe do DAS, interceptou todas as
comunicações do repórter sueco e de outros colegas colombianos, líderes
populares, defensores dos Direitos Humanos e colombianos exilados no
exterior. Noguera entregou listas de nomes e sobrenomes de pessoas que
posteriormente foram sequestrados ou assassinados. O caso mais conhecido
é o do professor universitário ALFREDO CORREA D'ANDREIS. O DAS o havia detido durante três meses em 2004, acusado de ser, como Emanuelsson, "ideólogo das FARC" [1]. Foi posto em liberdade por falta de provas, mas dois meses depois, em 17 de setembro, foi assassinado por paramilitares em Barranquilla [3].
Noguera foi condenado a 25 anos de prisão pelo assassinato e outros
delitados vinculados ao narco-paramilitarismo dos esquadrões da morte
(milícias de extrema-direita aliadas da Polícia e Forças Armadas).Já
Dick Emanuelsson é representado pelo Coletivo de Advogados Alvear
Restrepo em quatro processos judiciais contra os ex-chefes do DAS, entre
eles Noguera e Miguel Narváez, ideólogos dos narco-paramilitares. E
parece que o DAS e os capos ocultos do Terrorismo de Estado agora querem
cobrar a fatura.
– Embora
atuassem coordenadamente pelas mãos de Juan Manuel Santos (ex-milinistro
da defesa do mafioso Uribe e atual presiente), não ficarem muito tempo
comigo em San José, acrescentou Emanuelsson.
A ante-sala do julgamento contra o diretor da ANNCOL
O organismo de inteligência costarriquense, DIS, tem sido financiado nos últimos anos, como o DAS da Colômbia, pela CIA,
informou o jornal costarriquense, La Nación, eml 24 de março de 2011.
No ano passado, o governo pressionou o parlamento para que desse luz
verda à proposta de deixar entrar 46 barcos de guerra com seus 7.000
marines
ianques, em suposta “luta contra o narcotráfico”.
Não é
nenhum segredo que a presidenta da Costa Rica, Laura Chichilla, é uma
marionete sob controle do Pentágono. Foi também ex-ministra de segurança
do governo de Óscar Arias, conhecido por ser parte de uma administração
de choque contra Cuba, Venezuela e principalmente, contra a Nicarágua
Sandinista.
–
Uma das teses que manejamos é que isto é uma provocação aberta. Eles
sabem perfeitamente que eu cubro este continente desde há trinta anos
para o jornal sueco Flamman,
onde trabalho desde 1984. Sabem muito bem que sou jornalista, não
delinquente. É uma provocação que ocorreu há apenas uma semana antes de
que eu vá dar meu testemunho no julgamento contra Joaquín Pérez Becerra,
diretor da ANNCOL, detido no aeroporto de Maiquetía, Venezuela, em 21
de abril de 2011 para ser posteriormente entregue ao Estado colombiano,
cujo processo acaba de ser renovado neste momento. E mais, já é público
que assumi o papel de sub-diretor da ANNCOL (http://www.anncol.info)
depois da prisão de Joaquín e é público que tanto Uribe como Santos
querem silenciar a agência de notícia, coisa que não conseguirão,
assegura Emanuelsson.
Depois de mais de uma hora nesses locais do DIS, onde também
inspecionaram a bagagem de mão de Mirian (câmeras, pertences pessoais,
escaneamentos sobre todos os documentos dela) foram liberados para ir ao
avião pouco antes de perder o vôo. Primeiro foram obrigados a assinar
um ata onde os jornalistas afirmaram que não haviam sido tratados de
forma abusiva ou violenta.
–
Naturalmente, não mencionaram que todos os nossos pertences, como
documentos e cartões de crédito, foram fotocopiados e escaneados pelos 4
ou 5 agentes. Se não encontraram nenhum indício de delito, então por
que nos filmram e fizeram essa revista sobre nossas pessoas? - se
pergunta Mirian em uma reflexão sobre os acontecimentos humilhantes.
Agente do DAS no avião?
Já no avião
de volta a Tegucigalpa, Honduras, e na mesma linha de assentos,
precisamente o nº 10, estava sentado um indivíduo que lhes pareceu
demasiado estranho, tanto para Dick como para Mirian Emanuelsson.
|
O suspeito de ser espião do DAS, Ricardo de Paz, foi recebido pela polícia hondurenha quando aterrizou em Tegucigalpa.
|
–
Se estirava como querendo ver a tela quando eu trabalhava em meu
minilaptop. Quando Mirian o enfrentou com seu olhar, o sujeito riu,
figindo-se de cômico, diz Dick e Mirian acrescenta:
– Conversou com a vizinha detrás e ouvi seu sotaque colombiano.
Quando
aterrizaram em Tegucigalpa já estavam preparados para outra "sessão",
desta vez com os policiais hondurenhos. E, de fato, houve outras
suspeitas.
–
Quando estávamos esperando na fila para a migração e o chequeio do
passaporte, um policial chamou um tal "Ricardo de Paz". Para nossa
tremenda surpresa quando vimos que o primeiro que saiu era o colombiano
que havia conseguido lugar na primeira fileira de assentos dos nossos no
avião.
Com a
tranquilidade de quem sabe o que faz, realizou seus trâmites antes de se
retirar com sua bagagem, rumo à sala das valizas, onde o perdemos de
vista.
Sem
dúvidas era um agente do novo organismo do DAS, chegando a Honduras no
mesmo avião que os repórteres da ANNCOL, sentado na mesma linha de
assentos com o casal Mirian-Dick e gozou da permissão concedida pela
polícia hondurenha que lhe abriu passagem para que pudesse entrar.
Forças especiais do exército colombiano em Honduras
–
Em Honduras operam de forma autônoma as forças especiais do exército
colombiano. Cada semana viajam à Colômbia oficiais militares e
policiais, ministros de segurança e outros funcionários públicos, para
se "capacitarem". Esta é a Honduras do pós-golpe militar de junho de
2009, nos explica Dick.
–
Claro, quando vimos o colombiano entrando como um "VIP" chamado e
recebido por seus colegas hondurenhos, mais convencidos estávamos que
nos esperava uma comitiva resumida em todas essas siglas conhecidas,
como as da CIA, DAS, DEA, FBI e quem sabe quantos mais, andariam por
ali.
Os companheiros jornalistas Mirian e Dick Emanuelsson dizem que vão
dar um informe aos organismos de direitos humanos em Honduras, já que
todos os companheiros foram ameaços antes e fustigados por sua cobertura
durante e depois do golpe de estado militar em Honduras, em 2009.
Também informarão à embaixada sueca e à Federação Latino-Americana de
Jornalistas (FELAP - http://www.felap.info), sobre uma nova tentativa de intimidar o fazer uma montagem contra a Agência de Notícias Nova Colômbia (ANNCOL).
O informe tem
como objetivo denunciar o assédio e os abusos e dizer a verdade. Não é
possível que duas pessoas que viajam para cumprir com seu trabalho e, de
repente, se encontrem com tamanha supresa desagradável. A comunidade
internacional dever saber disso porque estas coisas não podem continuar
acontecendo como se fosse algo nornal e costumeiro.
NOTA:
[1] “O suposto ideólogo das FARC”, página 3 da pasta que o DAS-G3 montou contra o jornalista sueco durante seus anos como repórter na Colômbia.
[2] Colômbia: ¡"Não estaria seguro em nenhum país do mundo"!
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-
Os setores e movimentos
populares excluídos nos meios de comunicação corporativos têm espaço na
ANNCOL, incluindo o setor do povo levantado em armas, uma realidade
inegável há mais de 50 anos na Colômbia.
- Promovemos
um debate sobre o papel do comunicador social na Colômbia, um debate
fundamental já que os meios de comunicação massivos estão controlados
pela oligarquia colombiana que oculta e manipula os fatos e
acontecimentos sobre o verdadeiro motivo do conflito social e armado no
país.
- Na
ANNCOL estimulamos o debate e a luta pela soberania nacional, dando
espaço aos compatriotas e organizações que exigem um cessar da
dependência aos EUA e a retirada das sete bases militares
norte-americanas em território colombiano.
- Na
ANNCOL entendemos que a posse da terra é um fator da guerra contra o
povo colombiano. Por isso convidamos os camponeses organizados e
cidadãos individualmente a se expressarem em nossa agência, espaço
negado em meios oficialistas.
- A ANNCOL
deve ser um canal onde a corrupção, o paramilitarismo com diferentes disfarces e o terrorismo de estado sejam objetos de
desmascaramento.
- Com
estes lineamentos de princípios de nosso trabalho. convidamos os
colombianos a fazer parte na construção de uma agência popular a serviço
da verdade e do futuro do povo colombiano, um povo que é parte também
da Pátria Grande.
Redação ANNCOL
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